Quinzenalmente há feira em Tarouca.
O negócio está fraco, muito fraco mesmo, para aquela gente que se levanta de madrugada e vem de muito longe para vender, às vezes o que nem dá para o gasóleo que gastam para lá chegar.
Há cada vez menos gente a aderir às feiras, embora a comunicação social diga que, com a crise, as pessoas estão a voltar às feiras. Não parece.
Mas nesta feira, independentemente de muito ou pouco negócio, há uma tradição que não falha. Ou seja, "vamos à feira comer uma febra".
A táctica é quase sempre a mesma, compra-se as febras na roulotte do talhante ali ao lado, vai-se até ao Júlio, e toca a grelhá-las e comê-las na hora, acompanhadas dum bom tinto e de broa da região.
Durante a comezaina as conversas, já sabem, são altamente intelectuais. Fala-se de bola, agricultura, rega dos terrenos, sachar e arrancar as batatas, se já plantaram ou não o "ciboilo", se a geada vai dar cabo de tudo ou não, os heróis que éramos na tropa... e outras de intelectualidade aqui não publicável :-).
Aproveito para revelar o encanto que tive numa delas, em que assisti a uma situação que não via há vinte e tal anos... um sobrinho de um dos comparsas das febras chegou, dirigiu-se a esse mesmo comparsa e, imaginem, pediu a benção ao tio. Ao que o tio lhe respondeu "Deus te abençoe meu filho".
Sintomático dos tempos que não correm, este gesto transportou-me para muitos anos atrás em que se via isto com alguma frequência.
Em relação às "febras", o amigo Henrique grelha-as sempre no ponto, e o meu pai passa o tempo a deixar ficar o miolo do pão comendo só a côdea, coisa que o Mário não encaixa bem, e vai daí toca a refilar um com o outro. Resumindo... é um pagode completo.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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